segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O que sei sobre a morte

Me lembro da primeira vez que fui a um cemitério. Estava lá, dia de finados, com minha avó sobre um túmulo que limpava, beijava e chorava. Dizia coisas resmungadas que até parecia que tinha decorado o Alcorão...

Na verdade, nunca entendera direito o que tudo aquilo significava. E juro, nunca ninguém sentou comigo e conversou sobre o real motivo de se chorar, beijar e limpar um túmulo. Também nunca me falaram para ignorar a morte, mas aos 8 anos você nem liga muito para tudo isso.

Sempre odiei cemitérios e igreja. Para mim, um ligava ao outro. Nunca vi a igreja com uma imagem de vida, sempre morte. Também nunca gostei de casamentos, muito menos velórios. Quando passei a fazer parte de uma religião, ela nem igreja tinha... Hoje já vou, normalmente... consegui superar os sentimentos ruins.

Lembro-me de um único velório a que fui (é bom lembrar que fui obrigada a ir!). Estava com minha mãe, acho que tinha uns 10-11 anos. Era o velório do pai de uma amiga da minha mãe. Não quis chegar perto, mas juro que não entendi por quê minha mãe chorou ao abraçar a moça! (hoje eu entendo!)

Hoje, relembrando-me dessas coisas, penso: que desdém essa criança tratava a morte? E então, vendo que há 6 anos me peguei pensando nela [a morte]. Acho que previ tudo, duas semanas antes de acontecer. Só uma pessoa sabe disso, e agora vocês sabem!

Lembro-me das palavras exatas: não sei o que seremos sem ele. Tudo vai desgringolar.
Hoje eu sei a resposta, e infelizmente, certas coisas desgringolaram, mas felizmente, outras coisas foram muito bem! Final de setembro, não pude tratá-la [a morte] com desdém. Eu, pobre mortal!

Desconfie quando você receber um telefonema sem propósito, desconfie quando o dia está com aquele clima nublado-quente-seco, desconfie quando as coisas estão fora da rotina normal! Desconfie de suas olheiras da noite anterior e de pessoas que falam que está tudo bem!

Isso foi há 6 anos, mas eu me lembro de cada momento, cada palavra, cada gesto, todas as reações (não sei como consigo me lembrar do antes, durante e depois, mas lembro). Hoje, não posso tratá-la mais como antes. Eu a respeito!

2 comentários:

Pod papo - Pod música disse...

E eu vou falar o que sei sobre amorte. (Isso de que igreja e morte estão ligadas uma coisa a outra, essa ideia aparece bastante em filmes de terror rs.) Mas, o último feriado de finados eu estava conversando com o meu pai à respeito da morte. Eu como sempre fui e ainda sou evangelica, nunca fui em um cemiterio no dia de finados e eu percebo que nós evangelicos somos a única religião que encara a morte de maneira "realista" pois, a gente não busca se comunicar com os mortos (pois não cremos nisso) e não somos a favor de ir aos cemiterios ano após ano pois, a dor da perda é uma coisa que deve ser superada. Para nós crentes, a morte é o início da nossa vida eterna!

Beijinhos!

Anônimo disse...

A morte tem um jeito bem estranho de ensinar o valor da vida...

Mas o que machuca mesmo é a saudade. E o medo de algum dia esquecer momentos que eu gostaria que jamais desaparecessem da minha memória.

Muito bom o seu texto.

Beijos